O Centro de Monitoramento da conservação ambiental, um órgão do Programa das Nações Unidas para o Meio-Ambiente (PNUMA), identificou 17 países megadiversos. O continente americano tem o maior número de países megadiversos, sete no total (Brasil, Colômbia, Equador, Estados Unidos, México, Peru e Venezuela), seguido pela Ásia, com cinco (China, Filipinas, Indonésia, Índia e Malásia), três na África (Madagascar, República Democrática do Congo e África do Sul) e dois da Oceania (Austrália e Papua Nova Guiné).
Todos estes países têm características únicas que permitem um grande número de espécies, muitas das quais estão nos trópicos, onde as condições de biodiversidade são maiores. Suas paisagens oferecem uma grande variedade de ambientes, climas e solos; a separação de ilhas e continentes permite o desenvolvimento de flora e fauna endêmicas, únicas daquele lugar; seu tamanho favorece uma maior possibilidade de albergar mais espécies; sua história evolutiva se desenvolveu graças ao contato de várias regiões, onde se misturaram espécies com diferentes origens e a domesticação de plantas e animais por povos nativos ao longo da história resultou em uma grande riqueza natural.
O pódio dos países megadiversos
O Brasil é o país com maior número de espécies de primatas, anfíbios, borboletas e plantas e, portanto, o mais megadiverso do mundo. Foi estimado que nele se localiza entre 15% e 20% da biodiversidade mundial. Os cientistas têm conhecimento de 56.215 espécies de plantas vasculares (N.T: plantas que desenvolveram um sistema vascular que transporta água, minerais, açúcares e outros nutrientes por todo o corpo da planta; exclui as briófitas), de 1.712 aves, de 779 anfíbios, de 630 répteis e de 578 mamíferos. Suas florestas cobrem 42% do país e abrangem mais de um terço das florestas tropicais do mundo. A bacia do rio Amazonas, onde estas florestas estão localizadas, é a maior do mundo.
Atrás do Brasil, um grupo diversificado de países tem um grande número de espécies de todos os tipos, embora alguns autores apontem a Colômbia como o segundo país megadiverso do mundo, com 10% de todas as espécies na Terra. O número de plantas vasculares conhecidas chega a 48 mil (20% do total mundial), de aves a 1.815, a 634 anfíbios, a 520 répteis e 456 mamíferos. Na Colômbia, sete vezes menor que o Brasil, juntaram-se ecossistemas muito variados como os pântanos, encostas dos Andes, as florestas tropicais, planícies e desertos. 56% de sua superfície é coberta por florestas naturais.
A vastidão da China e seus habitats diferentes proporcionam um lar para muitas espécies: 32 200 variedades de plantas vasculares, 1.221 de aves, 502 de mamíferos, 387 de répteis e 334 de anfíbios. Tem mais de 4.400 espécies de vertebrados, mais de 10% do total mundial.
O continente asiático tem na Indonésia um dos maiores expoentes de países megadiversos. Na sua superfície, 60% coberta de florestas, encontraram 29 375 espécies de plantas vasculares, 1.604 de aves, 667 de mamíferos, 511 de répteis e 300 de anfíbios. Espécies emblemáticas, como elefantes, tigres, orangotangos, rinocerontes ou leopardo vivem neste país, embora estejam em perigo de extinção.
O México é outro grande país megadiverso do mundo. Seu território é o lar de 23 424 espécies de plantas vasculares, 1.107 de aves, 804 de répteis, 535 de mamíferos e 361 de anfíbios.
Defender a megadiversidade
A destruição dos habitats, as alterações climáticas, as espécies invasoras, o desmatamento, a exploração excessiva dos recursos naturais, a caça ilegal e o tráfico de espécies, o crescimento urbano, a criação de infraestruturas sem a adequada avaliação do impacto ambiental ou da poluição são algumas das ameaças que põem em risco a rica biodiversidade desses países. Da mesma forma, a maioria dos pontos quentes da biodiversidade (hotspots), regiões onde há um grande número de espécies, mas com um habitat em perigo, se encontram nesses países. Para tentar lidar com essas ameaças e conservar a sua rica diversidade biológica, foi criada em 2002 no México, o Grupo de Países Megadiversos Aliados. É atualmente composto por Argentina, Austrália, Bolívia, Brasil, China, Colômbia, Costa Rica, Equador, Índia, Indonésia, Quênia, Malásia, México, Peru, África do Sul e Venezuela. Os líderes destes países assinaram a Declaração de Cancun, um acordo de consulta e cooperação para promover a conservação e o uso sustentável da biodiversidade. Algumas de suas metas não têm precedentes na área de conservação natural. Estas incluem a decisão de negociar acordos de acesso e comércio de recursos naturais de uma forma semelhante à de países exportadores de petróleo. Além disso, manifesta a necessidade de promover um regime internacional que preserva a repartição equitativa dos benefícios decorrentes da biodiversidade, ou que combata a apropriação indevida de recursos genéticos.
Como se localiza a megadiversidade
A quantificação da megadiversidade é estimada de acordo com vários indicadores, como explicou o especialista peruano e professor adjunto da Universidade Autônoma de Barcelona Nikita Shardin. As modalidades são variadas: você pode escolher um hectare de floresta natural de forma aleatória, para detectar o número de espécies e compará-lo com a de outro país. Também é possível, por amostragem em uma área específica para analisar quantas espécies existem. O número de variedades de culturas é outro indicador interessante: nos Andes foram registrados agricultores que trabalham com mais de 200 tipos diferentes de batatas.
Fonte: Portal Ambiental